“O bem é tudo aquilo que é conforme a Lei de Deus, e o mal é tudo o que dela se afasta.” (Allan Kardec) - por Telvi Costa

“O Bem e o Mal e seus efeitos na sociedade” 


Um dos enigmas intelectuais mais constantes ao longo dos séculos foi o problema do Bem e do Mal. Os pensadores cristãos, em particular, sempre ficaram intrigados com a aparente incoerência de viver em um mundo notoriamente mau criado por um Deus essencialmente bom.

             Esse dilema milenar foi esclarecido pelos espíritos superiores enviados por Deus para auxiliar na composição da Codificação Kardequiana, quando informaram: “O bem é tudo aquilo que é conforme a Lei de Deus, e o mal é tudo o que dela se afasta.” Considerando que as leis divinas foram colocadas pelo Pai Maior como o único caminho que nos conduz à verdadeira felicidade, infringi-las é seguir o caminho do Mal e, consequentemente, nos candidatarmos à infelicidade, ainda que futura.

            Assim como as consequências do Bem, os efeitos do Mal são perceptíveis, tanto em âmbito individual como na sociedade em que vivemos. Em nós mesmos, o mal se manifesta nos vícios que cultivamos, nos hábitos perniciosos que mantemos, no pessimismo crônico, no desrespeito aos sentimentos alheios, entre outros comportamentos que denunciam nosso afastamento das leis divinas. Na sociedade, esses comportamentos danosos se projetam e se manifestam nas guerras de conquista, na criminalidade urbana, na corrupção política, na destruição do meio ambiente por razões meramente econômicas, e nos demais malefícios que atestam ser nossa comunidade planetária muito avançada em termos tecnológicos, mas ainda muito insipiente em termos morais.

            O escritor israelense Amós Oz, em seu discurso ao receber o Prêmio Goëthe, em 2005, declarou: “Às vezes pode ser difícil definir o bem, mas o mal tem um odor incomparável: toda criança sabe o que é a dor. Portanto, cada vez que infligimos deliberadamente dor a outra pessoa, sabemos o que estamos fazendo. Estamos fazendo o mal.” Até quando infligiremos dor aos nossos semelhantes, seja dor física ou dor moral, é decisão exclusivamente nossa, decorrente do livre-arbítrio com que Deus nos presenteou no momento da nossa criação.     Não nos enganemos: só haverá uma sociedade justa num planeta regenerado quando cultivarmos, dentro de cada um de nós, a Justiça e a Bondade. Toda mudança de consciência para patamares mais elevados se processa, necessariamente, de dentro para fora, nunca de cima para baixo.

            Nesse sentido, o Espiritismo, com sua proposta de renovação moral dos indivíduos, sem mistérios ou qualquer obscuridade, constitui-se num poderoso agente de mudança, possibilitando que nosso planeta saia definitivamente da condição de Mundo de Expiações e de Provas e ascenda ao Mundo de Regeneração, sem grandes traumas coletivos. Para tanto, o que precisamos fazer é estudar a Doutrina Espírita e aplicá-la em todas as circunstâncias de nossa vida. Só assim seremos realmente felizes, individualmente e coletivamente. 


Telvi de Oliveira Ferreira da Costa, palestrante, trabalha há 30 anos no GEAEF como dirigente de grupo mediúnico (Grupo Luissa Luts). Coordena o grupo de estudo das obras de Allan Kardec (EOCE) Estudo das Obras da Codificação Espírita.