Primeiro circuito de palestras aquece debate sobre a dicotomia entre o bem e o mal
Brasília (21/4/18) – A melhor maneira de combater o mal é praticar o
bem. Essa é a reflexão que norteou a primeira rodada de atividades interativas
para o público adulto realizada neste sábado, das 14h às 15h30, durante o IV
Congresso Espírita do DF. Realizada simultaneamente em sete salas, a primeira
rodada envolveu debates, palestras e apresentações culturais em que os
participantes puderam refletir com profundidade sobre a natureza do bem, do mal
e seus impactos na sociedade.
“O primeiro passo para vencer nossos vícios é reconhecê-los. É preciso
cultivar a humildade”, afirmou Geraldo Campetti, vice-presidente da Federação
Espírita Brasileira (FEB). “O mal está dentro de nós pelo mau uso da nossa
liberdade. O bem existe independentemente da nossa vontade, pois é divino”.
Campetti dividiu com o juiz José Carlos de Lucca o primeiro Pinga-Fogo
para o público adulto, respondendo perguntas enviadas pela internet. Em uma
sala lotada, com mais de 200 pessoas, os dois oradores espíritas convergiram ao
apontar que o mal, nas suas diversas manifestações, está dentro de cada
indivíduo e só pode ser neutralizado por uma decisão pessoal de praticar o bem.
Para isso, é preciso cultivar a autocrítica como ferramenta de autoconhecimento
e reforma íntima, o que nos torna mais humanos e compreensivos. “Como temos
dificuldade de nos perceber e enfrentar, projetamos no outro”, disse José
Carlos de Lucca.
Combatendo o mal
Na sala Bezerra de Menezes, o palestrante Edmundo César discutiu a origem do mal. Em uma palestra interativa, César ouviu as impressões do público, em uma agradável troca de experiências. “Combater o mal é uma oportunidade de fazer o bem e o exercício do bem começa com as pequenas coisas, como a gentileza, a paciência e a tolerância”, provocou, destacando aspectos da obra A Gênese, um dos livros da codificação espírita escrita por Allan Kardec.
Sem expectativas
Durante o Roda Viva, na Sala Ermance Dufaux, o palestrante Adeílson
Sales chamou a atenção da plateia para a questão da intolerância no mundo. “As
pessoas são o que são e temos de aceitá-las. Não podemos mudar os outros. A
vida está certa, não importam as nossas expectativas”, alertou. Questionado a
respeito da hipocrisia e de como nossas palavras muitas vezes estão em
desacordo com nossas atitudes, Adeílson foi enfático: “Somos bons em achar
álibis emocionais para justificar nossos erros. Não traia, não adultere, não
engane”. Porém, segundo o palestrante, acolher o semelhante que errou é
ser cristão. “Se a pessoa continuar no erro, o problema já não é nosso”,
afirmou.
Reflexão
Na Sala Emmanuel, os palestrantes Alejandro Veras e Simão Pedro
realizaram o primeiro Debate em Cenas da tarde, ancorado em trechos de filmes
espíritas. E foi com trechos de Nosso Lar,
uma das maiores bilheterias do cinema nacional em 2010, e de Causa e Efeito, que os dois discutiram
como o exercício do bem e do mal afetam nossa vida e definem nossa trajetória.
“A maior parte da humanidade se declara reencarnacionista. Esse é um momento
para pensarmos naquilo que nos leva a sermos bem-sucedidos na vida material e
fracos espiritualmente”, alertou Veras, destacando que o ser humano está
fragilizado.
“É momento para olharmos para dentro. Ninguém escapa da necessidade de
aprendizado e educação de si mesmo”. Simão Pedro enfatizou que o umbral não é
um lugar, mas a expressão de uma dimensão, de um momento. “O estado de
consciência que trazemos é o lugar em que estamos”. Segundo ele, a ação da
fraternidade é um sentimento que vai além de um momento de alguém necessitado:
vai ao encontro de uma pessoa. “Para isso não precisamos ser espiritualistas.
Engels, pai do materialismo, do século XVIII, disse: seja uma pessoa e trate os
outros como se fosse uma pessoa. Precisamos uns dos outros”, frisou.
Grande mudança
Na Sala Cruz de Souza, a escritora Mayse Braga proferiu palestra com o tema “O homem de bem e o mundo moderno”, na qual lembrou do comprometimento reencarnatório de grandes estadistas brasileiros, entre eles Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Este último, disse, impressionava Oscar Niemayer ao apontar, ainda na terra nua, as posições exatas das edificações, como o projeto ditado então pela espiritualidade, de onde nasceu Brasília, como a terra dos reencontros espirituais. “Alguns personagens da história mudaram temporariamente o mundo, mas a verdadeira mudança é mudar a nós mesmos”, disse.
Por Maria Aparecida de Oliveira Severino e Ricardo Bastos