A coerência do que se vive e se fala são os principais atributos do bom palestrante, defende Paulo Maia, Presidente da FEDF

A coerência do que se vive e se fala são os principais atributos do bom palestrante, defende  Paulo Maia, Presidente da FEDF 

Nessa entrevista exclusiva, o presidente discorreu sobre a importância do curso de palestrantes realizado pela federativa, que tem gerado resultados positivos. Ele também ressaltou a importância da presença de jovens entre os alunos pelo propósito de melhorar a linguagem, os canais e a abordagem para alcançar este público

Por Cláudia Corrêa Andrade

Revisão: Sionei Ricardo Leão

 

Nós já estamos na quinta edição do Curso de Palestrantes Espíritas do Distrito Federal, como é a avaliação dos frutos obtidos deste trabalho ao longo dos anos?

Os frutos são vários, mas o maior deles é a unificação das instituições, das casas e das pessoas. Na verdade, as casas são feitas de pessoas e a doutrina se repercute muito através da fala e do trabalho. O Curso promove este encontro, o reconhecimento, esta união. De fato diversos palestrantes, uns experientes e outros não, saíram deste curso e estão atuando. Não temos um controle absoluto do resultado no sentido da multiplicação e dos frutos que foram gerados, mas sabemos que é positivo.

 

Gostaria que você explanasse um pouco a respeito da importância da qualificação para ser um bom palestrante. E também sobre os palestrantes experientes, que se matricularam no curso com o intuito de se reciclar.

A dor e o sofrimento estão a cada dia mais prementes na nossa sociedade porque estamos na fase de transição (planetária). Por isto, o palestrante precisa observar se realmente está sendo ouvido e se a sua mensagem está realmente fazendo sentido para quem lhe ouve. Por isto, precisamos nos reciclar, de tempos em tempos. A pandemia nos trouxe esta lição. Ela nos exigiu uma mudança muito grande para todas as atividades da casa espírita, buscando atuar com maior acolhimento, com mais amorosidade e maior sensibilidade para consolar a dor do outro.

 

Como você vê a importância do movimento espírita, sobretudo em relação as palestras, da abordagem de temas que estão em voga hoje na nossa sociedade, como a pauta ecológica, a  inclusão social e demais temas polêmicos ou sensíveis.

No contexto de esclarecer, de consolar, o movimento espírita brasileiro vem se organizando para atender esta demanda. Temos hoje, um documento orientando as casas espíritas sobre as questões do nosso meio ambiente. E sobre os temas inclusivos, temos grupos de trabalho e temos livros sobre estes assuntos. Porque o Espiritismo, sobre o aspecto do Espírito Imortal, pode abordar qualquer tema. Temos que nos ressignificar no nosso trabalho para incluir, acolher, para que todos se sintam filhos de Deus.

 

O curso de palestrantes reservou vagas direcionadas para jovens entre 17 a 29 anos. Como anda a frequência e adesão dos jovens nas casas espíritas?

Reservar vagas para os jovens, no curso, foi exigência minha porque “ser jovem” é uma condição física, o espírito é imortal. Eu acho que ainda nos falta melhorar a linguagem, os canais, a abordagem para alcançar este público. E têm muitas casas espíritas que ainda trabalham de forma muito departamentalizada. Tem departamento da infância, departamento da juventude e acaba que fica cada um na sua caixinha e ninguém se mistura. A gente tenta mudar isso. Nossa proposta é tentar trazer o jovem para o convívio das nossas atividades, como se fôssemos uma família, convivendo todos juntos, aprendendo uns com os outros.

 

E você, enquanto palestrante espírita, pode apontar quais são as características de um bom orador?

Eu mesmo, no início, tive muita dificuldade de falar em público, mas depois de cursos, como este daqui, fui me desenvolvendo. Mas pra mim, a característica que eu procuro desenvolver é a coerência. Aquilo que eu estou falando, eu estou vivendo? Então, quando eu preparo uma palestra, não é só sobre texto, material, o roteiro. Eu foco mais em me questionar. E com o passar do tempo isto vem sendo a minha maior cobrança! O curso é muito bom para nos preparar para falar, mas a vivência do espiritismo deve nos preparar para viver aquilo que pregamos.