O desafio do palestrante espírita é alcançar o contexto social dos jovens, analisa Adeilson Salles

O desafio do palestrante espírita é alcançar o contexto social dos jovens, analisa Adeilson Salles
Em live, o expositor deu dicas de como promover a comunicação com as novas gerações que são mais digitais e imediatistas

Por Cláudia Corrêa de Andrade
Revisão: Sionei Ricardo Leão
 

A dificuldade de fazer com que os jovens se vinculem às casas espíritas se dá em razão da dinâmica pouco atualizada e da preferência em abordar temas que não se comunicam com o universo dos jovens. Essa foi uma ideia central apresentada por Adeilson Salles, psicanalista, palestrante, médium, autor de 40 livros e especialista em live interativa promovida Curso de palestrantes espíritas da FEDF. 

Na live, Adeilson discorreu sobre  a atual dificuldade que o Movimento Espírita possui em se renovar, e comenta que a dificuldade de fazer com que os jovens se vinculem às casas espíritas se dá em razão da dinâmica pouco atualizada e da preferência em abordar temas que não se comunicam com o universo dos jovens.

“Falar sobre o jovem é diferente de falar para o jovem”, define Adeilson Salles. Para ele, o palestrante deve ter a preocupação de adaptar a fala para atingir o universo de quem ouve e no caso das crianças e adolescentes, se o tema não for inerente aos seus universos, eles se dispersam com facilidade. É por isso que muitos se afastam das atividades, pois não conseguem conexão daquilo que é falado com o que eles experimentam no coração.

Segundo Adeilson, o grande problema é que não se pode alcançar este público, que é singular, inteligente e extremamente perceptivo, com falas catequistas, falas impositivas ou preconceituosas. São necessários recursos simples, buscando adentrar no universo deles.

 É importante também atentar que a fala precisa estar relacionada ao contexto social que os jovens pertencem. Ou seja, a exposição do palestrante deve alcançar suas realidades. 

Para o autor, o uso de linguagem ilustrativa, como foi feito por Jesus com o ensino das parábolas, é uma boa forma de atrair a atenção deste público. E para conseguir atender melhor as demandas afetivas e emocionais desta geração é necessário pesquisar filmes, livros direcionados para as crianças e adolescentes, além de estar atento às práticas e eventos que estão atraindo os jovens atualmente.

Como a live era interativa, Adeilson respondeu aos questionamentos dos representantes das turmas, enviados pelo chat e formulados pela equipe de comunicação representada pelo coordenador André Ferreira. A live também contou com a participação de Paulo Maia, presidente da FEDF, Marcilene Reis, diretora da FEDF, André Ferreira e José Amin, coordenadores do curso e duas alunas, Letícia Silveira, da Sala nº 1, e Josilene Lima, da Sala nº 2.

Nas respostas, o autor destacou que é preciso conscientizar os presidentes e diretores das casas espíritas que os jovens são responsáveis, são confiáveis e podem assumir tarefas. E ainda, afirmou ser urgente desenvolver atividades mais dinâmicas, palestras mais curtas, e eventos que possam promover a maior interação dos jovens.

Outros fatores abordados por Adeilson, ao responder as perguntas, foi a importância de se abordar à luz da Doutrina Espírita, temas atuais que fazem parte dos desafios vividos pela nova geração, como transtornos emocionais, diversidade, homoafetividade, racismo. Nesse momento, mesmo as pessoas mais refratárias, são desafiadas a refazerem conceitos, graças à velocidade das mudanças dos novos tempos.

Por fim, Adeilson sugere que as Federativas busquem rever suas metodologias e orientem as Casas Espíritas a promover palestras mais curtas, de 20 minutos por exemplo, com o objetivo de deter a debandada deste público do Movimento Espírita.  Expositores falando para jovens temas como: a rave e o processo obsessivo, sexo desregrado e influências espirituais, entre outros assuntos polêmicos e atuais, a fim de demostrar que a Doutrina Espírita pode discorrer sobre variados assuntos, consolar  e esclarecer dúvidas, dores e aflições.