O espírito é obra da arte divina. Cada ser é uma expressão individual. Se encarnado, o corpo físico limita o foco da consciência sobre si e o mundo circundante. Quanto mais ligado à matéria, menos capacidade de consciência. A consciência está por trás da manifestação da matéria, onde está escrita a Lei de Deus e onde tudo é amor.
Você não é o seu corpo. Então, é necessária uma compreensão além de si mesmo. Somente assim é possível expressar-se verdadeiramente. E a arte nasce daí, da expressão do espírito consciente de si mesmo. Daí, associado à ideia de Jesus de “vigiai e orai”, Maurício Keller, no seminário A Arte na Iluminação do Ser, sugere, além de todas essas reflexões, “vigiai (ver-se, perceber-se, conhecer-se), e cantai, e tocai, e interpretai”.
O artista explica que “o espírito fica tão racional, que se esquece dos sentimentos, de viver a emoção do sentimento, que é cura. A arte se encaixa aí”. Para Keller, a arte nasce das experiências que, para além de levar a um processo de iluminação íntima, iluminam também o outro. Ele deu como exemplo o processo de criação da música Flutuar, composta em um momento difícil de sua vida. A canção o ajudou a se reerguer, como também a muitos que ouvem essa canção.
Maurício é um dos fundadores do Grupo Arte Nascente (GAN) e coordenador da Arte da Regional-Centro da FEB e da FEEGO. Compositor, intérprete, produtor e roteirista de musicais, facilitou que os participantes do evento pudessem compor, em pouco tempo, letra e música de uma canção que falasse sobre arte. Herta Maia de Assis, representante do grupo de teatro Mariarte, do Centro Espírita Paulo de Tarso, pôde conferir nessa dinâmica um “fenômeno”, segundo ela, de inspiração e sintonização com as forças do bem, com a espiritualidade da arte que atuou em cada grupo que compôs a música.
O evento aconteceu no último domingo, 23, na FEDF, com a participação de artistas de vários centros espíritas do DF e entorno. O anfitrião, diretor de Arte da FEDF, Cassius Vantuil considera A Arte na Iluminação do Ser um evento de persistência dentro do movimento espírita, opinião compartilhada pela artista Daniela Rezende do Centro Espírita Paulo de Tarso. Ela considera que os centros espíritas não têm muita abertura para arte e são poucos os trabalhadores da arte. “Minha vontade é difundir a arte espírita até nos palcos da cidade”, brinca. Carolina Amaral, representante do Centro Espírita André Luiz, do Guará, avalia que eventos ligados à arte, e este em especial, fortalecem sua vocação em continuar trabalhando firme na arte espírita.
“O palestrante Maurício Keller proporcionou um despertar do que há de melhor em nós e fortaleceu a busca da nossa evolução moral, intelectual e musical”, considerou Lívia Rebeca, da Sociedade de Divulgação Espírita Auta de Souza, de Taguatinga.
Concita Varella
Jornalista Espírita