Neste Dia das Mães, a FEDF traz a história da doutora em psicologia, consteladora familiar e psicoterapeuta, Ana Tereza Camasmie, que recentemente presenteou as mães. Durante o 10º Congresso Espírita do DF, realizado no último mês, lançou seu mais novo livro, Mãe: as Faces da Força do Amor Materno. A autora contou como o livro nasceu.
Ana Tereza estava em Salvador por ocasião de um congresso de educação da FEB e foi visitar Divaldo Franco. Era sábado à noite, dia de Momentos Evangélicos, e Divaldo a convidou para falar umas palavras aos presentes que lotavam o cenáculo da Mansão do Caminho. Por aquele ser o Dia de Finados – Divaldo se refere ao “dia dos vivos” porque o mundo celebra a imortalidade –, Ana Tereza falou sobre perda de seu filho mais novo, Bruno, e todo o processo de cura dela que deu origem ao seu primeiro livro, Palavras para a Alma, uma transcrição dos programas da “Web Rádio Fraternidade”.
Ao final da palestra na Casa do Caminho, uma enorme fila se formou. Eram as mães tocadas pelas palavras de Camasmie, que fez questão de atender a cada uma que chegava em busca de um consolo. “Me senti muito pequena diante daquilo. Via as pessoas vindo para falar com Divaldo, mas era comigo que queriam falar, e fui atender a fila de mães, me perguntando como daria conta. Gostaria de ter respondido àquelas mães com mais profundidade”, revela Ana Tereza. A palestra viralizou nas redes sociais.
Ana Tereza havia estado ali um ano antes, quando Divaldo a acolheu com uma notícia sobre seu filho desencarnado que mudaria todo o entendimento sobre as razões de sua partida com apenas 20 anos de idade. Essa revelação permitiu que ambos e toda a família caminhassem libertos do sofrimento. E este encontro foi inspiração para o segundo livro da autora, Caminha que a vida te encontra.
Naquele sábado, Ana Tereza voltou para sua casa no Rio de Janeiro pensativa. Tinha a necessidade de escrever um livro para arrecadar fundos para o aluguel da sala onde funciona o Centro Espírita Tarefeiros do Bem, mas ainda não havia um tema.
Tocada pelo momento na Casa do Caminho, Ana contou: “À noite o livro apareceu. Eu vi a capa com a palavra Mãe. E todo o índice. Eu acordei, anotei rapidamente e voltei a dormir. Quando amanheceu, pensei: aconteceu mesmo isso? Fui até meu escritório e estava tudo lá. Todo o índice dos capítulos correspondentes a cada mãe que eu conversei na fila da Mansão do Caminho. Em um mês, o livro estava pronto”. E a Casa do Caminho parece ser seu lugar de inspiração.
Ana Tereza escreveu para mães que têm se sentido solitárias em suas reflexões e desafios, em que “a maternidade se tornou uma pesada maratona, na qual precisamos oferecer aos filhos tudo o que não pudemos viver nem aprender”. A necessidade de autossuficiência na função acarreta desamparo, sobrecarga e dificuldade de pedir ajuda “porque parece fracasso não saber o que fazer com os filhos. É justamente do não saber que nasce o saber!”, comenta na introdução do livro.
A autora defende que as mães olhem juntas para a maternidade e comecem por excluir de suas apresentações pessoais a expressão ressentida de mãe solo, “porque nossos filhos precisam ser criados por redes de apoio e não por mães heroicas”.
Em seu livro, Ana Tereza fala ao coração de cada mãe atendida naquele dia na fila da Mansão do Caminho: mães dos filhos que têm filhos, mães dos filhos que faleceram por suicídio, mães dos filhos pacientes terminais, mães dos filhos que estão trancados no quarto, mães dos filhos adotivos, mães dos filhos que faleceram repentinamente, mães de filhos gravemente doentes, mães de filhos usuários de drogas, mães de filhos diagnosticados com algum transtorno ou deficientes, mães de filhos que romperam ou se distanciaram da família, mães de filhos cujos pais se divorciaram, mães de filhos que não nasceram, mães dos filhos que vão ficar, e a Mãe das mães: Maria de Nazaré.
Todas essas faces divinas da maternidade são atribuídas a uma força específica e denominam os capítulos do livro. Na introdução, a autora comenta:
“...o amor materno é uma força que se manifesta de muitas maneiras, em muitas faces, as quais iremos descobrindo à medida que dermos nossos passos junto com nossos filhos nos desafios que a vida nos apresentar: a força da sabedoria, da fé, da entrega, da paciência, do desapego, da confiança, da resiliência e do cuidado, de recomeçar, da esperança, e da coragem de renascer”.
Ana Tereza deixa um recado para as mães que têm filhos vivendo suas expiações: “Não era isso que você queria para seu filho, mas pense: é o processo dele como espírito. Mãe é aquela companheira boa que a gente escolhe para passar momentos difíceis. Então, ele está atravessando a Estrada de Damasco dele com você. Seja aquele ponto de luz, o conforto, o amparo. Consiga se posicionar no lugar materno, que é de suporte, é de amparo, e de proteção, com limites, com cuidado, com firmeza. E tenha a certeza de que você, mãe, não está desamparada. Tem um grupo de mães da espiritualidade que apoiam o nosso projeto materno. Então, não esmoreça, está tudo certo. Pode chorar, pode ficar triste de vez em quando, mas respire e sigamos”.
Naquela conversa com a jornalista que vos fala, Ana Tereza relatou uma cena que a tocou no café da manhã do hotel. “Eu vi um pai com um menino cheio de deficiência, com aparelho nas pernas, muito agressivo, muita expiação. O pai amoroso oferecia-lhe os itens do desjejum. O filho não tinha nem condição de pegar o que ele queria na prateleira e eu me emocionei pensando assim: ‘ah, meu Deus, que chance que esse Espírito está tendo de passar uma expiação desse tamanho com um pai amoroso’. Isso é uma bênção incrível para esse menino. E ele está tendo uma chance de ouro, de deixar no corpo todas essas experiências duras do passado. Agora, a gente pode olhar a vida dele agora e dizer: ‘meu Deus, que existência horrível’. Mas se a gente olhar para a história espiritual dele, ele está no melhor que ele podia”.
Concita Varella
Jornalista Espírita