Curso de capacitação de evangelizadores espíritas valoriza a vida, destaca a importância da Justiça Divina, mas orienta para situações desafiadoras
Cerca de 65 trabalhadores do Movimento Espírita e da evangelização infanto-juvenil participaram da segunda edição do 10º Semear, curso de formação continuada de evangelizadores espíritas, realizado pela Diretoria de Infância e Juventude (DIJ) da Federação Espírita do Distrito Federal (FEDF).
O presidente da FEDF, Paulo Maia, referiu-se ao aborto como um tema que provoca discussões, inquietações e dores. Então, quem somos nós para julgar? Paulo Maia espera que as casas espíritas estejam cada vez mais preparadas para acolher pessoas em desalinho emocional. “Esclarecer para melhor servir”, completou a diretora do DIJ-FEDF, Cristiane Rocha.
O curso de formação aconteceu neste sábado, 26/7, na FEDF, inicialmente com o coordenador de Pesquisa e Treinamento da DIJ-FEDF, André Nonato, que focou sua apresentação em desmistificar as falácias do “lugar de fala” e da exclusividade genética da mulher. Reforçou a importância da responsabilidade e da contenção de comportamentos que podem comprometer a existência do Espírito encarnado. Diferenciou as justiças humana e divina, bem como as meritocracias do homem e de Deus. Abordou que o sentimento de justiça é natural ao ser, mas a questão é que ele se deturpa pelas paixões humanas. Relembrou que a justiça é cada um respeitar os direitos dos demais e a Justiça Divina é amor. “Tudo passa por um planejamento espiritual, mesmo que as nossas vistas pareçam injustiça”, afirmou Nonato.
O integrante da Coordenação de Pesquisa e Treinamento da DIJ-FEDF, Rafael Gauche, comentou os aspectos científicos e filosóficos do conceito de vida: “A questão não é sobre a vida em si, mas, sim, sobre a vida como valor moral. O problema é a relativização e a coisificação do ser humano e a subjetivação da vida”. Gauche acredita que o direito à vida limita a liberdade. E lembrou que a própria Constituição, convenções e Código Civil resguardam o direito à vida. “O nascituro é um ser humano digno de proteção”, afirmou.
A exposição da trabalhadora do Centro Espírita André Luiz (CEAL), Maria Virgínia Barros, abordou a liberdade como condição necessária da alma humana. Sem ela, o homem não poderia construir seu destino. Liberdade e responsabilidade crescem juntas dentro de cada pessoa e ambas se expandem à medida que essa pessoa evolui moral ou espiritualmente. “A minha liberdade de escolha carrega com ela a minha responsabilidade. A Doutrina Espírita procura esclarecer que o aborto é crime, que pode ter atenuantes e agravantes, como todo desrespeito à Lei”, afirma Virgínia.
Virgínia afirma que criminalizar não é desejar o mal ou a vingança a alguém. A penalidade do aborto deve ser aplicada tendo em vista a reeducação do criminoso, não como forma de vingança, na qual a sociedade descarrega os próprios conflitos naquele que declina.
A Doutrina Espírita não nos convida a julgar, mas a compreender com amor e a educar com responsabilidade. A perspectiva da Espiritualidade é sempre amorosa, a favor da educação, nunca da vingança.
Lilian Reis, Jornalista Espírita
Colaboração de Concita Varella
Fotos: Diretoria de Comunicação Social Espírita/FEDF